Datena x Marçal: por que eleitores enxergam entretenimento em atos de violência entre candidatos?

  • 16/09/2024
(Foto: Reprodução)
Vídeo mostra confusão entre Datena e Pablo Marçal após cadeirada em debate A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) neste domingo (15), no estúdio da TV Cultura, é um perigoso precedente de violência física em debate eleitoral. A agressão nos leva a uma discussão sobre o crescimento e a consolidação das campanhas de ódio no Brasil. Especialistas falam em "profissionalização do ódio" na política, com repercussões em tempo real, nas redes, e com aposta de crescimento eleitoral a partir de ataques verbais e físicos. E os pesquisadores dizem que o fato de parte da população assistir a debates torcendo pela violência tem uma explicação. Boa parte da sociedade digital não está inserida no mercado de trabalho e tem assistido à política com distanciamento, desinteresse e estafa dos chamados "políticos tradicionais". Isso abre a porteira para candidatos que se dizem antissistema. “Esse sentimento antissistema tem gosto de sangue na boca, é uma revolta. E nada mais previsível, numa sensação de revolta, do que descumprir leis”, disse o cientista político Carlos Melo ao blog . Datena agride Pablo Marçal em debate em SP TV Cultura/Reprodução “Tem uma estética política da violência, eliminar o inimigo. Retroagimos um século no nosso ambiente civilizatório e político”, completa o especialista. Para pesquisadores, há um sentimento antissistema em relação ao Estado e a política não consegue dar respostas. “A nossa democracia tá pagando por isso”, sintetizou Melo. Ao blog, Luiz Gustavo de Andrade, advogado e professor de direito eleitoral, afirmou que a política feita na base da força gera efeitos negativos ao sistema eleitoral. “A imposição de uma determinada vontade por meio da força ou da violência contraria a própria ideia de política, ideia inerente a eleições. Política pressupõe diálogo para se solucionar os conflitos sociais”, declarou o advogado eleitoral. Na avaliação do especialista, “a política tem que vir como um bem e não como um mal. Por isso, mensagens de ódio, distorções, desinformação e ressentimento devem ser deixados de lado do debate político”. Datena disse nesta segunda-feira (16) que errou, mas não se arrepende. No partido dele, o PSDB, não há sinais de que Datena será punido. Há, inclusive, manifestações que relativizam a violência. Ele foi incitado e desrespeitado por Marçal? Sim, e muito. Marçal ofendeu a honra de Datena. Mas o tucano, em razão disso, poderia dar uma cadeirada em Marçal? Não. A democracia não comporta a violência como resposta.

FONTE: https://g1.globo.com/politica/blog/camila-bomfim/post/2024/09/16/datena-x-marcal-por-que-eleitores-enxergam-entretenimento-em-atos-de-violencia-entre-candidatos.ghtml


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